Era início dos anos 70.
Um vaga-lume
usando boina e tênis estampava todos os livros da série Vaga-Lume, da Editora
Ática, que, por sua vez, estavam presentes nas estantes de todo o Brasil.
Luminoso – o
nome do vaga-lume em questão – apresentava os enredos dos mais de 70 livros
lançados pela editora, utilizando-se de expressões como “tudo joinha?” e
“supimpa!”.
A série
Vaga-Lume foi (e ainda é) um estrondoso sucesso, sendo uma das principais
responsáveis pela formação de dezenas de milhares de leitores Brasil afora.
Eu sou um
deles, e você provavelmente também é.
Por isso,
reuni aqui algumas curiosidades sobre esta coleção, que em 2013 comemora 41
aninhos de vida e pura vitalidade editorial.
1. A série
Vaga-Lume foi lançada pela Editora Ática na virada de 1972 para 1973, e é
composta de romances voltados ao público infantojuvenil.
2. A editora não divulga números, mas
estima-se que somente a obra A
Ilha Perdida, de Maria José Dupré, já ultrapassou a marca de 2,2 milhões de
exemplares vendidos.
3. A série
ajudou, e muito, a fortalecer e consagrar a Editora Ática, que recentemente
informou que pretende relançar a coleção em formato digital.
4. Um dos
maiores sucessos da série, O
Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida (1910-2005), foi
lançado primeiramente em 1956 como um folhetim da revista O Cruzeiro.
5.
Inicialmente, a série se caracterizava pela presença de obras já consagradas,
de autores idem. Já na segunda década após seu lançamento, tanto os textos
quanto os autores passaram a ser inéditos.
6. Um destes
autores inéditos era Marçal Aquino.
7. Quando foi
convidado para escrever por Fernando Paixão, editor da série na época, Marçal
era repórter do Jornal da Tarde e nunca havia
escrito uma linha sequer para o público infantojuvenil.
8. Em contrapartida, outro escritor da
série, Marcelo Duarte, nunca publicou nenhum livro de ficção fora da coleção
Vaga-Lume. O jornalista, escritor e dono da Editora Panda Books publicou seus
cinco livros de ficção na série, e vendeu mais de 240 mil exemplares.
9. Em 1980,
quando foi informado pelos editores responsáveis pela Coleção Vaga-Lume sobre a
tiragem pretendida para seu livro, um atordoado escritor de pseudônimo Marcos
Rey não acreditou. Os editores da Ática reiteraram: 120 mil exemplares.
10. Marcos
Rey, pseudônimo de Edmundo Nonato, era nesta época um escritor já reconhecido
de contos e romances adultos, porém estava acostumado com tiragens que não ultrapassavam
três mil exemplares.
11. A aposta
em Marcos Rey foi alta – e certeira. O
Mistério do Cinco Estrelas, de 1981, vendeu mais de 2,5 milhões de
exemplares. O autor escreveu o livro em dois meses.
12.
Atualmente, porém, os mais de 15 livros lançados por Marcos Rey estão fora da
coleção Vaga-Lume.
13. Um dos
criadores da série, Jiro Takahashi, hoje editor do selo Prumo, da Editora
Rocco, afirma que o sucesso da coleção se deu por conta de uma série de
fatores, sendo o principal deles o baixo preço dos livros. Altas tiragens
permitiam preços muito baixos, que por sua vez facilitavam a adoção das obras
por escolas.
14. Outro
ponto importante para a aceitação em sala de aula eram os encartes chamados Suplementos de Trabalho,
que traziam atividades didáticas ligadas ao livro.
15. Milton Rodrigues Alves, um dos
ilustradores da série, conta que, para ilustrar O Caso da Borboleta Atíria, passou
muitas e muitas horas em um Museu de Zoologia. “Não tínhamos internet, e a
melhor maneira de saber a forma de um Dynastes
Hercules era indo ao
Museu”, conta Milton.
16. O Escaravelho do Diabo, de Lúcia
Machado de Almeida, em breve sairá das estantes diretamente para as telas de
cinema. A obra está em fase de pré-produção, e terá direção de Carlos Milani. O
filme já tem até um site: www.oescaravelhododiabo.com.br
17. E O
Escaravelho do Diabo não é o único. O Mistério do Cinco Estrelas (1981), O Rapto do Garoto de Ouro (1982) e Um Cadáver Ouve Rádio (1983), todos
de Marcos Rey, tiveram seus direitos adquiridos pela produtora RT
Features, e começam a ser filmados no final de 2013. A previsão de estreia
é julho de 2014.