É noite. De um lado da rua, está o prédio; do
outro, o carro estacionado junto ao meio-fio. Sentado no banco do motorista,
apertando fortemente o volante, está André – um jovem branco, alto, de cabelos
castanhos curtos. Ele acende a luz interna do veículo e tira do bolso da
jaqueta jeans uma foto sua com Márcia - uma bela jovem branca, de estatura
mediana, e de cabelos castanhos compridos. André começa a chorar. Lágrimas caem
na foto.
Uma semana antes...
No quarto do apartamento, deitados na cama,
envoltos nos lençóis, Márcia e André trocam carícias e fazem juras de amor.
- Diz novamente. – pede Márcia.
- Eu te amo! – responde André.
- Promete ficar comigo pra sempre?!
- Até que a morte nos separe.
Após se olharem ternamente, o casal se abraça
e se beija.
Uma semana depois...
Como é hora do almoço, o luxuoso restaurante está
movimentado. Sentados a uma das mesas, está o casal.
- A viagem só vai durar dois dias, Márcia. –
informa André - Sexta-feira eu tô de volta.
- Essa é a desvantagem de ser casada com um
homem de negócios. – lamenta a esposa.
Márcia olha para a entrada do estabelecimento
e vê Lílian – uma jovem e sensual morena, alta, de cabelos negros compridos. - Ela
acena para a amiga que caminha na direção do casal.
- Olá amiga! Quase fiquei presa no escritório.
– justifica-se Lílian, que beija Márcia e senta-se à mesa.
- Como você tá, Lílian? – pergunta Márcia.
- Toda enrolada. Como sempre! Mas tô ótima! –
volve para o esposo da amiga. - Olá, André!
- Oi, Lílian! – diz secamente.
- Vocês já pediram? – pergunta Lílian.
- Estávamos esperando você. – responde a Márcia.
O celular toca na bolsa de Márcia, que
atende.
- Oi, chefe!... Ah! Tô aqui no restaurante
com meu esposo e uma amiga... Agora?! Mas é hora do almoço, Ricardo... Sei...
Sério?!... Já que é uma emergência, tô indo pra aí. - desliga o celular.
- Seu chefe de novo?! Esse Ricardo é um
chato! – afirma André.
- Você sabe que tenho de ir, André. Quando
você voltar de viagem, eu te compenso.
- Ah! Que pena, amiga. – lamenta Lílian.
- Olha: por que vocês não ficam e aproveitam
o almoço sem mim? – após fazer a recomendação Márcia levanta-se e beija André -
Boa viagem, amor. – volve para a amiga - Lílian, cuida do meu esposo por mim.
- Pode deixar, Marcinha.
Após a saída de Márcia, Lílian reclina-se
sobre a mesa e, sensualmente, encara o esposo da amiga.
- Agora somos apenas você e eu, André
querido.
- Você não desiste mesmo, não é, Lílian?!
Como pode fazer isso? A Márcia é sua amiga. Escuta: nunca vai acontecer nada
entre nós dois. – informa.
- Eu fico me perguntando até quando você vai
resistir.
Por debaixo da mesa, Lílian passa um dos pés
por entre as pernas de André. Este meneia a cabeça negativamente, levanta-se e sai
deixando aquela sentada à mesa sorrindo.
- Você ainda vai ser meu, André – fala pra si
mesma.
Horas mais tarde...
É noite. E ainda no carro, André lembra-se
dos acontecimentos de uma semana atrás, quando ele e Márcia fizeram juras de
amor; lembra-se também das insistentes insinuações de Lílian. Então, secando as
lágrimas do rosto, olha por alguns instantes para o prédio no outro lado da
rua, respira fundo, abre a porta e sai. Atravessa a rua, alcança a outra
calçada. Toca o interfone do prédio. O portão é aberto. André entra. Segue para
a portaria. Cumprimenta o porteiro. Pára em frente o elevador. Pressiona o
botão. Anda de um lado a outro. Impaciente, decide subir as escadas até o quinto
andar, onde toca a campainha de um dos apartamentos. A porta é aberta por
Lílian, que sorri. André entra na sala e a toma nos braços. Ambos se beijam e
se acariciam loucamente.
Horas antes...
Já é noite. Márcia entra em casa. Joga a
bolsa e as chaves sobre a mesa da sala. Vai até o quarto, onde começa a se
despir. Segue para o banheiro, onde toma um banho. Na sala, a maçaneta da porta
começa a girar. Alguém entra. A seguir, o telefone toca insistentemente. Entra
um recado na secretária eletrônica na voz de Ricardo: Oi, Márcia! Sou eu, o seu chefinho Ricardo. Foi ótimo tocar esse seu
corpinho de novo. Me liga. Isso é uma ordem. Vestida em um roupão e secando
os cabelos com uma toalha, Márcia entra na sala sorrindo e olha para a
secretária eletrônica. Subitamente, um buquê de rosas vermelhas cai no chão.
Assustada, Márcia volve o olhar para aquela direção. Larga a toalha. Seu
semblante torna-se sério. Leva as mãos à boca. De pé, ao lado do buquê, está André.
Ele fica olhando Márcia por alguns instantes. Então, decide falar:
- A minha viagem foi adiada na última hora
e... Eu resolvi fazer uma surpresa pra você, amor.
Lentamente, André vira-se e sai.
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Fábio da Silva
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